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Traumas
Aquela ferida de ontem,
Da infância sofrida,
Marcada,
Lesada,
Não será apagada
Nem curada.
Ficará para sempre presente,
Doída às vezes levemente cicatrizada,
Porém se abrirá em chagas,
No momento de qualquer dor.
Por vezes pensamos,
Sonhamos,
Que tudo passou,
Acabou,
E lá vem a recordação
E com ela
Tudo volta, transtorna,
Não ficamos livres dela.
Lá longe ficam as gravuras,
Que o tempo solidifica,
Nos desgostos e agruras
E jamais com o passar do tempo,
Nem cura nem modifica.
O pensamento às vezes tortura,
Nessas imagens de traumas,
E intensifica a latente amargura,
Fixada na infância longínqua
Com suas lembranças e tramas.
Os vestígios das feridas reagem e acendem,
Quando nela involuntariamente tocamos,
Tempos idos revivem e voltam
E os traumas
Machucam, torturam e reacendem.
Eles ficam dormentes, porém indeléveis,
Esperando o ligeiro sofrimento,
Para retornar agudo e profundo
No suspiro de intenso lamento.
Vânia Moreira Diniz
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